segunda-feira, 8 de junho de 2009

44.

É inevitável acontecerem-nos coisas que nunca chegam a figurar no blogue. Podemos ser imensamente felizes ou imensamente infelizes e não saber como expressá-lo. Podemos ter pena do eventual leitor e não lhe falar das nossas idas e vindas ao supermercado. Podemos não contar todas as vezes que vamos ao wc. Podemos não achar necessário comentar as considerações de uma criança de quatro anos sobre a morte. Podemos não querer analisar publicamente os bons momentos que passamos com as pessoas de quem gostamos (este não vai ser um post romântico, por isso vou-me já afastar deste assunto). Podem acontecer tantas coisas - demasiadas para as enumerar aqui -, mas o que mais vezes acontece é termos histórias realmente interessantes e não as conseguirmos contar. Por vezes, uma história merece ser contada, mas não conseguimos encontrar os meios para o fazer. Ou então não é a altura certa e só temos de esperar que ela chegue (como podem ver, tudo sobre o que eu queria ter escrito acabou por ser muito sumariamente contado num só post, e a isto se chama poder de síntese). Talvez a solução seja escrever sobre outra realidade que não a minha, da perspectiva de outra pessoa. Alguém me disse que isto era impossível, mas vou tentar na mesma. Se não conseguir, voltarei a mim mesmo. E como este post está a ficar demasiado semelhante a um que escrevi há bem pouco tempo, vou ficar por aqui.

3 comentários:

Polvas disse...

Quem te disse que era impossivel?
Pessoa fê-lo, e fê-lo desde muito novo, muitas vezes nem concordava com os pontos de vista dos heteronimos, no entanto estes eram parte dele e dizia, " o autor destas linhas [...] nunca teve uma só personalidade"... a verdade é que quando nao se consegue dizer alguma coisa que se quer muito dizer, seja de que maneira for, e nao se consegue parece que temos um peso ali a incomodar...
Quanto ao facto de vires a ser um genio literario nunca se sabe (o meu lado idealista diz isto ao ser que se levanta da minha cama todos os dias)
Nao me estendo mais... hasta* Nana

The Skeleton Man disse...

Bem, grande comentário. Maior do que eu alguma vez seria capaz de escrever. Quem me disse que era impossível foi uma professora minha aqui da faculdade, mas acho que ela não disse escrever, era mais ver as coisas na perspectiva de outra pessoa (a propósito de colonizadores e colonizados - uma seca, txica). Pode ser que venhamos os dois a ser grandes génios. Depois juntamo-nos e somos felizes em conjunto.

JB disse...

ribeiro sanches, eu amo-te. E o tipo esqueleto também.