sexta-feira, 7 de agosto de 2009

71.

Mathilde e Manech estão separados. Apenas uma linha os une. Ele foi dado como morto no campo de batalha, mas ela recusa-se a acreditar e vai puxando essa linha, tentando não se enforcar com ela. No final, a linha que estivera sempre em volta do seu pescoço, fica mais curta e desaparece. Já não é necessária. A distância encurtou-se. Mas durante o percurso, o que os sustém? Numa das cenas iniciais, Manech diz que ainda sente o pulsar do coração de Mathilde na sua mão. É a isso que recorrem, à recordação do toque? Parece que, mesmo separados, essa memória consegue aproximá-los. Ou então não. A distância continua a mesma, mas talvez os ajude a suportar as horas em que estão separados. As horas tornam-se em dias, meses, anos, mas Mathilde tem sempre esperança. Por vezes, as lembranças tornam-se difíceis de suportar, mas ela consegue aguentar, porque sabe que um dia o voltará a encontrar. É também a isso que me apego. E tu? (que final tão melodramático - estou doidinho)
Um Longo Domingo de Noivado, de Jean-Pierre Jeunet (2004)

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